Pessoas de má vontade
Ao decorrer das décadas, os aprendizados nunca cessam. Porém, agora que me aproximo dos 42 anos, idade em que, quando criança, nos anos 80, alguém já seria considerado velho, tenho notado que os aprendizados adquirem novas camadas, como se os antigos aprendizados revelassem suas versões 2.0, 3.0 e por aí vai.
Sempre me mantive atento a pessoas consideradas "más", aquelas que se movem ativamente para prejudicar terceiros, e isto inspirou uma das minhas canções, Blues do Covarde, que a cada dia me revela mais e mais camadas: quando a compus, não tinha realmente muita noção do que escrevia, mas hoje ela continua me passando lições.
As pessoas ruins existem e sempre cruzam nosso caminho, porém, costumam agir na penumbra, longe da nossa vista. São pessoas especializadas em atuar ocultamente, criando ideias e situações onde nós somos os vilões. Claro, existem os extremos, como o bandido que nos aponta uma arma ou tentam nos agredir fisicamente por aí, exemplos de maldade explícita. E isso deve ser algo levado a sério porque, conforme a canção, nem sempre a má pessoa se considera como tal, criando todo um sistema retórico para se colocar como vítima, por isso, devemos sempre nos olhar ao espelho com sinceridade para detectar se nós mesmos não somos essa pessoa para alguém.
As más pessoas, quando detectadas, devem ser evitadas, para o nosso próprio bem. O afastamento é um mecanismo de defesa. Se não possuímos um laço inquebrável, como o de um familiar próximo, acaba sendo esta a solução mais eficaz.
Mas... Há ainda, outra categoria de pessoa igualmente presente, mas de não tão fácil detecção: as pessoas de má vontade. Não sei se seria ideal categorizá-las entre as más pessoas. Talvez muitas vezes não o sejam. Não são pessoas que se movem, gastando energia para prejudicar alguém, mas são justamente as que não movem um dedo sequer para colaborar com alguém.
Conheço algumas assim. Tenho passado por uma experiência dessa natureza com alguém assim, relacionada aos meus estudos acadêmicos. São pessoas que estão em alguma posição onde dependemos delas para algo que nem é tão oneroso, mas optam pelo silêncio, a não-ação. É aquela pessoa que muitas vezes passou pelo mesmo processo em que você está, mas não se solidariza, age com um claro "isso não é problema meu" tácito em suas ações.
Claro, ninguém é obrigado a parar a sua vida para bancar a Madre Teresa por aí mas, como disse, algumas coisas demandam um simples "mover de dedos", algo simples, mas optam pela não-empatia. Essas pessoas nos passam lições, sobre o viver em sociedade. Criamos expectativas sobre as pessoas, que falam algo e agem na direção oposta. São pessoas com quem não podemos contar.
E, como no meu caso, a não-ação da pessoa implica em um prejuízo da outra (no meu caso, acadêmico), talvez aí sim, podemos enxergar a intersecção entre a pessoa de má vontade e a má pessoa, afinal, a não-ação também é uma ação. Se o agir negativamente implica em prejudicar claramente alguém, trata-se de uma ação para prejudicar. Sei que 40 anos é tempo suficiente para uma visão madura do mundo mas, ao mesmo tempo, não é tempo para se considerar no fim da vida, por isso tenho um certo receio de como estará a minha visão sobre as pessoas quando estiver idoso.
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